Hoje seria o 94º aniversário de umas das estilistas brasileiras com maior renome internacional, Zuzu Angel!
Zuzu ficou conhecida na década de 70, época em que a moda brasileira seguia a tendência européia.
Mineira da cidade de Curvelo, Zuleika Angel Jones nasceu em 1921. Morou em Belo Horizonte, onde já demonstrava suas habilidades ao fazer roupas para as primas, e na Bahia até que se estabeleceu, em 1947, no Rio de Janeiro, onde viveu até sua morte. Na década de 50, assumiu a profissão de costureira, e, em 1970, abriu uma loja em Ipanema e passou a realizar desfiles, inclusive fora do Brasil.
Foi pioneira ao promover sua marca nas próprias roupas, expondo-a na parte externa das peças. Simplicidade, feminilidade, cores tropicais, mistura de tecidos (seda pura com renda de algodão, por exemplo) e utilização de materiais (pedras, conchas, entre outras).
Além de ter sido importante para a moda brasileira, Zuzu Angel é um exemplo de força e coragem. Seu drama começou em 1971, quando seu filho Stuart Angel Jones, então com 26 anos, desapareceu. Por meio de uma carta anônima, Zuzu foi informada que seu filho havia sido sequestrado, torturado e morto pelos órgãos de repressão. Stuart não forneceu as informações que os torturadores desejavam, então foi morto ao ser arrastado por um jipe, amarrado ao cano de escape do veículo, asfixiado pela fumaça do óleo diesel. Seu corpo não foi encontrado.
Corajosa, não se calou e denunciou o crime, inclusive à imprensa do exterior, entregue uma carta-denúncia ao Secretário de Estado de Governo dos Estados Unidos, Henry Kissinger. Outra estratégia utilizada por Zuzu foi o desfile-denúncia, realizado no Brasil e nos Estados Unidos, no qual utilizou figuras de meninos presos, crucifixos, tanques, jipes e anjos amordaçados. Sofreu ameaças, foi perseguida e intimidada.
Vestido, e detalhe do vestido usado no desfile-denúncia.
Temendo que as ameaças se concretizassem, escreveu cartas nas quais registrou que se aparecesse morta, ainda que parecesse acidente, seria na verdade assassinato. Em 14 de abril de 1976, morreu ao sofrer um “acidente” (comprovado mais tarde como um atentado) na saída de um Túnel no Rio de Janeiro.
Fonte: www.infoescola.com
A moda de Zuzu voou alto. Foi além da estética da estamparia e dos materiais artesanais e moldou através das suas criações um discurso político. A mãe de Stuart Angel elaborou uma coleção com simbologia de manifesto. A figura do anjo, transformada em sua marca, ganhou destaque no desfile realizado no Consulado do Brasil, em Nova York. Surgiu bordada em roupas brancas ao lado de crucifixos, pombas negras, aves engaioladas e tanques de guerra. As modelos caminharam na forma de cortejo fúnebre para denunciar a dor da mulher que bradava pelo direito de enterrar o filho.
A história da mãe da moda brasileira se entrelaça aos fatos que compõem a memória política e social do país. Na vida profissional e pessoal a maternidade de Zuzu tem o respeito pela postura de coragem, ousadia e determinação. O conceito contemporâneo da moda nacional que está atraindo olhares e admiração traz a costura da identidade por ela empregada. Nos lados direito e avesso, o esmero e carinho de mãe que sempre acreditou no futuro do filho.
Veja algumas criações de Zuzu Angel:
O doodle do Google desta sexta-feira (5) também esta homenageando a estilista Zuzu Angel, que, se estivesse viva, estaria completando 94 anos.
“Roupa não tem importância. Moda tem. É um documento histórico. É criação e liberdade.” (Zuzu Angel)
Beijos, Camy
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